PANHARD

VEÍCULOS BLINDADOS UTILIZADOS PELO EXÉRCITO

NOS TEATROS DE OPERAÇÕES ULTRAMARINOS

ANGOLA

A utilização de carros de combate de lagartas nos teatros de operação africanos pelo Exército nunca foi uma opção consensual, dado serem considerados mais apropriados a um cenário de guerra convencional, contrário ao de guerrilha com o qual nos confrontávamos, para além das restrições ao uso de material NATO, etc.

Apesar disso foram utilizados a título experimental três carros M5A1 “Stuart” em Angola, por proposta do então Cap Mendes Paulo, integrados no BCav 1927, e designados pelos guerrilheiros da FNLA de “Elefante Dundum”, tendo operado até 1972, com relativo êxito.

A utilização destes veículos em cenário de guerra levou à publicação do livro “Elefante Dundum” Missão, Testemunho e Reconhecimento, que inclui um CD, da autoria deste oficial, numa edição do próprio com o apoio da Comissão Portuguesa de História Militar.

(1) M5A1 "Stuart"

Neste território foram ainda utilizadas as TP2 EBR Panhard 8x8 Mod 959 e as TP14 ETT Panhard 8x8 Mod 959, com sobretudo a primeira, equipada com uma peça de 75mm, a mostrar-se desadequada face às condições em que operavam e ao tipo de conflito, mas que apesar disso, se mantiveram operacionais até finais dos anos 60. Estas viaturas seria substituídas pelas AML Panhard 60-7 Mod 965 ML61 e a Eland MK 4 Mod 972, a sua variante sul-africana.

(2) TP2 EBR Panhard 8x8 Mod 959

(3) TP14 ETT Panhard 8x8 Mod 959

(4) AML Panhard 60-7 Mod 965 ML 61

MOÇAMBIQUE

Para além da versão francesa e sul-africana da AML Panhard foram também utilizadas a viatura blindada GM Fox Mk I Mod 957 e o semi-blindado GM 4x4 TT Mod 947, vulgarmente conhecido como "Granadeiro".

(5) GM 4x4 TT Mod 947

GUINÉ

Na Guiné as unidades de reconhecimento eram consideradas adequadas às condições operacionais encontradas, sendo estas de tipo esquadrão de reconhecimento (ERec) à escala de companhia, estando equipadas com blindados ligeiros de rodas.

As necessidades de garantir material operacional que respondesse às missões de reforço a outras unidades no território, proteção à abertura de itinerários (construção de estradas), escolta de colunas, etc. Levou ao uso de diferentes tipos de viaturas, algumas utilizadas durante a II Guerra Mundial e desajustadas do tipo de conflito em causa, mas que, embora condicionadas, se mantiveram em uso até ao termo do conflito.

As especificidades e constância das missões levaram a adaptações do modelo clássico orgânico dos PRec, com a composição dos pelotões a serem também limitados pelo número de viaturas operacionais.

(6) Daimler MkIIIA Mod 963

(7) Daimler MkIIIB Mod 963

(8) GM Fox Mk I Mod 957

(9) White M3A1

AML PANHARD

A opção por material mais moderno e adequado, apesar dos constrangimentos para a sua aquisição, levaram à opção pela AML Panhard 60-7 Mod 965 ML61, de origem francesa, que era também produzida sob licença na África do Sul, com a designação de “Eland", como atrás descrito, e que serviu nos três teatros de operações.

Estas viaturas equipavam o Exército francês e resultavam da sua experiência de guerra na Argélia, de caraterísticas semelhantes à que enfrentávamos, tendo começado a ser produzidas em 1961.

Morteiro 60mm e metralhadoras MAC 34 7,62mm

CHAIMITE

A tentativa de resolução da previsível inoperacionalidade total de algumas das viaturas blindadas em serviço e a necessidade de obter um veículo blindado vocacionado para o transporte de tropas. Levou à opção pela produção de uma viatura com essas caraterísticas fabricada em Portugal. Em finais de 1970 chegam à Guiné as primeiras Bravia Chaimite V-200 Auto Transporte de Pessoal Blindado; a que se juntou como viatura de teste uma Cadillac-Gage V-100 “Comando” equipada com um canhão de 90mm de origem belga.

As “AML Panhard” com as “Chaimite” formavam organicamente esquadrões designados por AML/Chaimite. Contudo, apesar desta organização, no CTIG, estas viaturas operavam em unidades distintas e com zonas específicas de atuação, apesar da designação atribuída às unidades e da sua complementaridade.