NOS DIAS DA GUERRA: AS PANHARD EM GUIDAGE
O ano de 1973 trouxe ao conflito que
nos opunha ao PAIGC, novos desenvolvimentos no terreno com a introdução por
parte destes de novo armamento, nomeadamente dos misseis terra-ar Strela-2M e
que viriam a condicionar a ação dos meios aéreos. Mas igualmente dos seus
objetivos de luta criando uma maior pressão sobre as unidades de quadrícula,
ao qual o PAIGC somava vitórias no campo diplomático, e que procuravam igualmente
criar condições para uma transição da guerra de guerrilha que até ai
desenvolviam para uma guerra de carácter mais convencional. Intenção expressa no
então desenrolar do designado INFERNO DOS 3 Gês: GUIDAGE, GUILEJE E
GADAMAEL.
Durante o mês de Maio, desse ano o
PAIGC desencadeou no Norte da Guiné a “Operação Nô Pintcha” mantendo o
aquartelamento de Guidage sobre flagelação com a finalidade de o isolar,
levando ao seu abandono e à sua posterior ocupação, através de um cerco
realizado por um grande número de forças equipadas com meios de infantaria
artilharia, foguetões, morteiros e mísseis.
Para concretizar esse objetivo foram
também deslocados um elevado número de elementos e de meios para neutralizar a
circulação entre Binta e Guidage através de ações que impedissem qualquer
tentativa de abastecimento da unidade.
Ao fim de mais de um mês de cerco e
de seis colunas de reabastecimento a Guidage, apenas em Junho o PAIGC voltou a
flagelar o aquartelamento, o que indiciava que desistira desse objetivo, agora
centrado a Sul em Guileje.
MISSÕES DO ESQUADRÃO
“Ao Esquadrão foram atribuídas diversas missões, em especial, escoltas e proteção a colunas, ações de presença, vigilância móvel dos itinerários e segurança a
pessoal em trabalho num campo de minas.”
“Um
pelotão foi destacado para reforço do BCaç 3832 até 16Jul72, instalando-se em
Jugudul e Mansoa. Por períodos variáveis, cedeu ainda pelotões para reforço de
diversos batalhões os quais foram destacados para Bissorã, de 05Out72 a
20Abr73, na dependência do BCaç 4610/72:”
“Para Catió, de 20Abr73 a meados de Set73, na dependência do BCaç 4510/72 e
para Mansoa, a partir de 14Set73, na dependência do BCaç 4612/72, com vista a
colaborar na segurança e proteção dos trabalhos das estradas em construção e
das colunas de reabastecimento e de transporte de materiais.”
Fonte: Resenha Histórico-Militar das
Campanhas de África (1961-1974) (2002). 7.º Volume – Fichas das Unidades - Tomo
II – Guiné. Lisboa: Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das
Campanhas de África (1961-1974). 1.ª Edição.
Como missão específica atribuída, a
este ERec, destaca-se a proteção do pessoal da Tecnil na construção das
seguintes estradas:
- Catió – Cufar
- Bissorã – Mamedão
- Jugudul - Bambadinca
Na sequência destes destacamentos um
PelRec do ERec 3432, destacado em Mansoa, terá integ
Nota: as fotos publicadas foram retiradas de a "Guerra" Episódio 32, de Joaquim Furtado - RTP1.
Em 15Jun saiu uma coluna auto de Guidage com destino a Binta, abrindo novo
itinerário. A força era constituída por 1 GComb/1.ª/BCaç4512/72, Pel Sap do
BCaç 4512/72, GMil 342, 1 Sec AM “Panhard” do ERec 3432, Pel Caç Nativos 56 e
65.
Fonte: Resenha Histórico-Militar das
Campanhas de África (1961-1974) (2015). 6.º Volume – Aspectos da Actividade Operacional
- Tomo II – Guiné. Livro III, Lisboa: Estado-Maior do Exército. Comissão para o
Estudo das Campanhas de África (1961-1974). 1.ª Edição.
Esta referência confirma a ida deste Pel Rec, embora se refira apenas à sua saída.
Esta é também descrita pelo ex. Fur
Mil Cav Armando Lopes, ao Correio da Manhã num texto intitulado “A Minha Guerra”.
“Numa operação, tocou-nos dar proteção a uma coluna de reabastecimento
para Guidage – um aquartelamento da nossa tropa, praticamente em cima da
fronteira com o Senegal, país onde o PAIGC tinha instaladas as bases de apoio.
A zona de Guidage escondia as principais rotas dos guerrilheiros para o
interior da nossa província. Dias antes da operação, estalara um violento
combate entre a nossa tropa e a guerrilha. Quando seguimos para Guidage,
colados à coluna de reabastecimento, encontrámos pelo caminho as marcas dessa
batalha: vimos as enormes crateras na picada e os destroços calcinados e
retorcidos de camiões Berliet de transporte de pessoal. Soubemos, depois, que a
tropa portuguesa tinha conseguido aguentar o ataque mas deixou para trás
algumas viaturas. A Força Aérea bombardeou as Berliet abandonadas para impedir
que caíssem nas mãos dos guerrilheiros. Chegámos sem problemas a Guidage, onde
passámos a noite, e no dia seguinte segui com o meu esquadrão a caminho de
Mansabá.”
Em conversa posterior, lembra-se que teriam ficado apenas uma noite, dormindo nas Panhard e saído no dia seguinte.
Fonte: https://esquadraodebula.blogspot.com/search/label/Armando%20Lopes
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