E EM TEMPOS DE GUERRA O IMPROVÁVEL ACONTECEU
Quase de um momento para o outro, tudo o que até aí era o quotidiano da guerra, com o seu desfiar de sofrimento e de dor, terminou.
Uma nova ordem política punha fim a anos de uma luta trágica que deixava atrás de si milhares de mortos e estropiados físicos e mentais e uma marca indelével, em todos os que nela participaram.
Era o tempo de acordar entre as razões e direitos que sustentavam a guerra, do calar dos canhões, que poria fim às mortes inglórias, do acordo da paz.
Mas igualmente da reconciliação possível entre aqueles que diariamente se enfrentavam nas matas, bolanhas e picadas da Guiné
Aos poucos, os combatentes de ambos os lados foram-se aproximando, como prova de que a luta que os opunha terminara.
Contudo, não era, não foi fácil! Um misto de sentimentos prevalecia. O antes inimigo estava agora ali, ao nosso lado, embora de armas caladas. Mas como esquecer a luta de ontem? A morte do nosso camarada? Os feridos evacuados da última emboscada?
Sendo certo que esse ressentimento existia nos dois lados, teria que prevalecer o bom senso, tendo cada um de guardar para si possíveis angústias. Só assim se poderia dar sentido à paz conseguida.
Passados os anos da guerra, restou o respeito mútuo entre os antigos oponentes, expresso no modo como são recebidos aqueles que voltam à Guiné, como catarse de tempos que não conseguem esquecer.
Tal como não esquecem os nomes e os rostos dos que, na sua terra, optaram por combater ao nosso lado, o que muitos pagaram com a vida.
E mesmo, a saudade dessa terra que por longos meses foi a No Tera.
Aqui fica a memória fotográfica de momentos únicos e irrepetíveis da nossa juventude sofrida.
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